segunda-feira, 2 de abril de 2012

Comprar bebidas alcoólicas só aos 18 anos?

O governo quer aumentar a idade minima legal para venda de bebidas alcoólicas, dos 16 para os 18 anos. Qual a minha opinião sobre a temática?


O adolescente é egocentrista e como tal sente que nada o afeta e gosta sobretudo de contrariar as normas e regras sociais, no sentido de se afirmar perante o adulto que continua a considerar que pode controlar os jovens com imposições e regras que “são para ser quebradas”. Independentemente da idade de permissão ao consumo, os jovens consomem cada vez mais cedo, pedindo aos mais velhos que lhes comprem as bebidas, ou consumindo as bebidas que os educadores deixam à disposição, em casa. Nesse sentido, parece-me que esta medida serve não mais do que incentivo ao consumo. É preferível um consumo consciente e com adultos presentes, com permissão aos jovens nas entradas em bares, do que a proibição e o consumo clandestino sem nenhum adulto por perto que os possa ajudar.


Deste modo, deve-se prevenir o consumo e não remediar com estas medidas que trazem aos jovens mais raiva para com os adultos. Prevenir com programas de prevenção ao consumo que mostram ser mais eficazes no aumento dos conhecimentos acerca do consumo e permitem o desenvolvimento de atitudes e expectativas mais seguras acerca do uso do álcool. Assim, no contexto de uma prevenção primária para uso do álcool, é importante que as intervenções se desenvolvam antes dos padrões comportamentais estarem estáveis e resistentes à mudança, ou seja, vamos intervir aos 12, 13 anos, nas escolas com programas de prevenção que se mantenham ao longo do tempo, com participação ativa dos jovens nesses programas.

O comportamento de consumo de álcool é aprendido através da modelagem, imitação e reforço, sendo influenciado pelas cognições, expectativas e crenças do jovem acerca do mesmo. Esses fatores em combinação com as competências pessoais e sociais pobres conduzem a um aumento da suscetibilidade às influências sociais para o consumo de álcool. É importante não esquecer que os nossos jovens vêm de meios bastante distintos e alguns contactam de perto com o álcool o que aumenta a probabilidade do consumo.

É nas Escolas que os alunos devem ser tratados de igual forma, com modelos exemplares e é na Escola que existe a possibilidade de maior eficácia na prevenção do consumo intervindo, com uma equipa multidisciplinar, através dos programas de Educação para a Saúde, interferindo nos fatores cognitivos, atitudinais, sociais, de personalidade, farmacológicos e de desenvolvimento que propiciam a iniciação e manutenção do consumo de álcool. Em Portugal, estes programas são incipientes, as Escolas são obrigadas a trabalhar na área da saúde, mas com pouca orientação e pouco apoio dos Centros de Saúde e das Famílias, essenciais a uma equipa coesa que se preocupe verdadeiramente com estes jovens.

Vivemos uma desresponsabilização social constante. A maioria dos educadores não colabora com a Escola, os Centros de Saúde não dispõem de meios para colaborar com as Escolas, os professores não estão sensíveis aos problemas. É tempo de não fugir ao problema do consumo de álcool, mas encará-lo de frente e vê-lo como uma solução.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Um Presente de Natal para a Vida

Era uma vez uma princesa de seu nome Joana, que vivia no Reino da Fantasia. Neste reino, nada era real, mas tudo era brilhante e luminoso.
Joana, uma menina de pele pálida e esferas azuis que sobressaiam no lugar dos olhos. Uma menina de rosto redondo, de linhas dóceis e sorriso simpático. Apresentava-se de cabelo curto, à menino e tinha umas sardas especiais.
Como todas as noites de Natal, Joana vivia com ansiedade para ver os seus presentes do Pai Natal. Sonhava ter a Barbie especial que todos os dias brilhava na montra da loja; com os seus cabelos louros, olhos azuis e lábios vermelhos maçã. Movia-se num corpo magro e alto e usava acessórios de moda imperdíveis. A Barbie era um brinquedo caro que a família de Joana jamais lhe poderia oferecer.
O pouco dinheiro extra do Natal era gasto numa seia mais rica em salgados, enchidos e alguns doces. Depois sobravam algumas moedinhas para se oferecer um pijama com pantufas de lã paras as noites frias, uma camisola lilás valorizada pelo lume da lareira acesa e umas meias-calças para vestir debaixo das calças, afogentando o frio. Apesar de não ter a boneca a princesa Joana estava feliz por receber qualquer presente.
Num belo Natal, que tinha tudo para ser tão perfeito como os outros, o tio Ivo; um senhor alto e moreno, com uma perna maior que a outra e que não havia estudado por não ser capaz, ofereceu um presente diferente à Joana.
O tio, apesar de não ter estudos, era um artista e Joana gostava muito dele. Era o tio que lhe chamava sardanisca, pelas suas belas sardas brilhantes e luminosas em dias de maior sol. O tio fazia as peças mais bonitas que algum dia Joana vira, em Madeira, realizando exposições com os seus colegas de trabalho.
O presente do tio era grande, tinha formas estranhas e uns circulos que andavam para cima e para baixo. Quando o tio ofereceu o presente à Joana disse:
- Para a minha bonequinha Sardanisca.
Rapidamente, a Joana abriu o embrulho e já com as lágrimas nos olhos, deu um abraço ao tio e disse:
- É linda tio.
O presente era uma boneca, chamada Joana de pele pálida e olhos esverdeados esbogalhados. Tinha rosto redondo de linhas dóceis e sorriso simpático. Vestia o vestido verde preferido da princesa e tinha uns arcos.
- Tio - exclamou Joana - Para que servem os arcos?
O tio retorquio:
- Ela é mexida como tu por isso tem os arcos para girar à cintura, como tu costumavas fazer.
Derepente a princesa reparou...
- Tio! A minha boneca também tem pintas na cara...
Todos riram.
- Pois - acrescentou o tio - tu também tens sardaniscas.
Não houve mais Natal nenhum em que a Joana pedisse uma Barbie.
Em todas as seias de Natal seguintes, lá estava a boneca Joana em cima da Pedra Mármore da lareira.

A Joana está crescida e a boneca continua a fazer companhia no seu quarto.

Moral da História: É mais importante o ato e o sentimento marcado no presente, que o valor material do mesmo. Assim, um presente barato poderá ter mais significado que um muito caro.
É importante que os adultos percebam e transmitam estes valores às crianças.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

No Trilho da Inclusão

"Este artigo visa projetar a inclusão dos alunos com Necessidades Educativas Especiais(NEE) no Ensino Profissional (EP). A EPNazaré dá os seus primeiros passoa neste apoio aos alunos que pode prevenir o abandono e o insucesso escolar.


Frequentemente ouve-se o termo "problemático" para definir um aluno com dificuldade de/na aprendizagem. As conotações negativas e desviantes do que são as dificuldades reais dos alunos não devem ser definidas com uma palavra que mentalmente associamos a comportamentos de oposição. Estas e outras formas erradas de comunicação traduzem a desvalorização e a falta de informação por parte dos agentes educativos sobre aquele que é o papel de cada um e aquelas que são as NEE dos alunos e que levam sistematicamente à sua Exclusão.


"...a inclusão das crianças e jovens com necessidades educativas especiais no quadro de uma política de qualidade orientada para o sucesso educativo de todos os alunos" e "...promover competências universais que permitam a autonomia e o acesso à condução plena da cidadania por parte de todos" são objetivos do Decreto-Lei nº3/2008 que propõe-se a aplicação na educação pré-escolar, ensinos básico e secundário setor público, privado e cooperativo. Não obstante as dificuldades de aplicação do DL extremamente burocrático e pouco pragmático, para uma intervenção de qualidade é necessário haver na Escola um sentido de comunidade; liderança; colaboração e cooperação; flexibilidade curricular e serviços; formação; serviços de educação especial; apoios educativos. Se pensarmos que a Escola possa ter todos os meiso mas que não existe o fundamental: a formação informal para todos os docentes e funcionários, continua-se teimosamente a tropeçar na Exclusão.


Essa procura de informação deveria partir de necessidades sentidas pelos agentes educativos bem como de iniciativas amplamente visiveis do Sistema Educativo (SE).


Simultaneamente, no EP verifica-se o aglomerar de alunos provenientes de CEF (Cursos de Educação e Formação) que não obstante, frequentemente, são encaminhados para CEF porque simplesmente faltam às aulas, ou estão em risco de chumbar. Incorre-se erradamente na desvalorização dos alunos que como seres biopsicossociais poderão ter dificuldades a outros níveis que não Educacionais e que lhes prejudicam os resultados escolares, nomeadamente, dificuldades emocionais. Estas situações revelam hábitos que há muito são rejeitados pela legislação: as Escolas só querem os bons alunos e as avaliações elaboradas pelos técnicos mostram-se constantemente ambíguas. E se na gíria se identifica o EP como mais facilitador, deve-se considerar que este reconhecimento não é de todo verdadeiro.


Deste modo, sente-se muita dificuldade em trabalhar com alunos NEE sobretudo quando se deteta que a alguns alunos foi negada ou dificultada a possibilidade de evolução escolar "normal". Serão as nossas escolas Inclusivas, ou teimosamente Exclusivas?


Parece urgente que técnicos, docentes, direção das Escolas e SE trabalhem com sentido de Comunidade, para que passemos a incluir melhor os alunos com NEE."




In Região de Cister




Patrícia Fonseca


Formadora e Psicóloga EPNazaré


Hoje.