segunda-feira, 8 de março de 2010

A mulher no mundo do trabalho



O mundo do trabalho tem sofrido inúmeras alterações no decorrer dos séculos XIX e XX. A multiplicação da população mundial e a duplicação da esperança média de vida provocaram o aumento da mão-de-obra sem precedentes.


A entrada da mulher no mercado de trabalho é marcada, sobretudo, com as I e II Guerras Mundiais, quando os homens iam para as frentes de batalha e as mulheres passavam a assumir os negócios da família e a posição dos homens no mercado de trabalho. No final da Guerra muitos homens morreram e as mulheres sentiram a necessidade de sair, de deixar a casa e os filhos para realizarem trabalhos que permitissem sustentar a família. Desde então, algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Ficou estabelecido na Constituição de 32 que “ausência de distinção de sexo, a todo o trabalho de igual valor corresponderia um salário igual; veda-se o trabalho feminino das 22 horas às 5 da manhã; é proibido o trabalho da mulher grávida durante o período de 4 semanas antes do parto e 4 semanas depois; é proibido despedir mulheres grávidas pelo simples facto de estarem grávidas”. Baseado no facto, do homem trabalhar e sustentar a mulher, estas mulheres trabalhavam 14 a 18 horas por dia com diferenças salariais acentuadas.


O século XX revela uma inversão de papéis. As mulheres conquistam o mundo dos negócios e os homens aprendem a manter o lar e cuidar dos filhos. O Mundo mudou e sorri para valores femininos indiscutíveis. Com as poucas oportunidades oferecidas, as mulheres mostraram, através da sensibilidade feminina, a capacidade de trabalhar em equipa (marcada pela diferença e heterogeneidade) contrariando o antigo individualismo. Equipas desta natureza, quando actuam em sinergia fazem emergir soluções variadas e criativas para problemas vistos como insolúveis. A mulher surge com a persuasão em oposição ao autoritarismo, a cooperação no lugar da competição. Vai caindo a Era dos homens; que promovem guerras, realizam atentados, provocam tumultos nos estádios e destroem o meio ambiente.


Hoje o perfil das mulheres é muito diferente do início do século XX. Além de trabalharem e ocuparem cargos de responsabilidade assim como os homens, aglutinam as tarefas tradicionais: ser mãe, esposa e dona de casa.


Os salários não acompanharam esta evolução. As mulheres continuam a ganhar cerca de 30% menos que os homens desempenhando as mesmas funções. É uma luta para continuar.


Pelo menos, as mulheres já provaram que além de óptimas cozinheiras, podem também ser motoristas, mecânicas, engenheiras, advogadas e sem ficar atrás de nenhum homem. Já está mais que provado que as mulheres são perfeitamente capazes de cuidar de si, de conquistar aquilo que desejam e de provocar mudanças profundas no curso da história.


À que continuar este excelente trabalho.


A sexualidade feminina: evolução no último século



No que confere à sexualidade, no século XIX o homem lembraria o cérebro, inteligência, razão lúcida, capacidade de decisão, enquanto, que as mulheres lembrariam coração, sensibilidade, sentimentos. A relação de submissão por parte da mulher e dominância do homem estava na base de uma sociedade patriarcal.


Nos relacionamentos amorosos surgem os Flirt nos anos 50/60 (jogo de carícias, olhares, gestos, sorrisos), que para os homens não causava prejuízo algum, porém a mesma situação era diferente para as mulheres. Nos aclamados anos dourados, as mulheres deveriam ter cuidado para não “manchar a reputação”. Além de comprometer as hipóteses de candidata a esposa, a prática do Flirt por parte das mulheres revelava uma iniciativa feminina na conquista do homem, o que também era condenável. A iniciativa da conquista era sempre atribuída ao homem, se a mulher não se casasse era considerada fracassada socialmente, por isso as mulheres utilizavam estratégias antes, para atrair dependentes. Procuravam estar sempre de bom humor, ser amáveis e vestirem-se bem. Raparigas de família não abusavam do álcool, esse era um privilégio apenas masculino, elas de preferência não bebiam. Piadas mais provocantes eram impróprias, ou seja, a rapariga deveria impor sempre o respeito; o importante era as aparências e o cumprimento das regras, e não a espontaneidade e a vontade da rapariga. O namoro era considerado uma etapa preparatória para o noivado e o casamento, servia como uma fase de adaptação do casal. A rapariga deveria mostrar-se prendada, recatada, atenciosa. Nesta época as raparigas eram catalogadas de “raparigas de família” e “raparigas levianas”. As raparigas de família eram respeitadas pela sociedade da época, poderiam casar e ser donas de casa, porém deveriam manter-se virgens até ao casamento. Às levianas tudo era negado, eram mal faladas e não aceites pela sociedade. Desde muito cedo a mulher devia ter os seus sentimentos devidamente “domesticados e abafados”. Toda a mulher que fosse separada sofria de preconceito da sociedade e estava constantemente a sentir a sua conduta moral ser vigiada.


É com o surgimento da pílula, ainda na década de 60 que o direito da mulher de exercer actividade sexual desvinculada da procriação foi evidenciado. Deste modo, a mulher consegue separar sexo de casamento. Se nos anos dourados uma mulher com mais de 20 anos de idade, sem perspectivas de casar era vista como encalhada; hoje está na idade de continuar a estudar e preocupar-se primeiro com o seu futuro profissional e a sua estabilidade financeira.


Contudo, o tema da sexualidade continua a ser um assunto controverso. Se para as mulheres a virgindade já não é um tabu tão marcado, os homens consideram importante que as suas mulheres não tenham tido muitos parceiros. A preocupação com a virgindade deu lugar à preocupação com a escolha da hora para iniciar a vida sexual e a do parceiro ideal para esta relação. Deste modo, para as mulheres, actualmente, é mais fácil dar liberdade à sua sexualidade em relações de curta duração, porque a virgindade deixou de ser tabu e a separação ou divórcio já são socialmente aceites. Esta liberdade nos relacionamentos podem ser vistas como positivas, uma vez que conhecer muitas pessoas permite às mulheres fazer escolhas amorosas mais seguras.


As mulheres estão mais independentes, o casal deve caminhar junto na mesma direcção, mas ambos têm poder de decidir sobre o rumo a ser percorrido, ao contrário da época em que as mulheres não tinham opinião. O companheirismo é por isso, a chave dos relacionamentos amorosos actuais. As mulheres são mais livres, podem decidir se querem ou não ter filhos, casar ou não casar, investir ou não numa carreira profissional, tomar ou não iniciativa nos relacionamentos amorosos. As mulheres tanto podem escolher repetir os “antigos” comportamentos esperados do género, como optar por atitudes mais “modernas”.


Se nos anos 50 o processo para iniciar um relacionamento era muito mais longo e encarado com mais formalidade; inicialmente o casal conhecia as respectivas famílias e amigos e os avanços do contacto físico demoravam a acontecer; actualmente não existe uma forma de começarem.


Na sexualidade o que se pede às mulheres é moderação. Evoluir é bom, sem dúvida, mas para o bom caminho, sem que se seja demasiado radical. Igualdade de géneros não implica o mesmo tipo de comportamento.